Queda na concessão do rotativo do cartão de crédito e aumento do Crédito do Trabalhador em abril de 2025
Dados divulgados pelo Banco Central em 29 de maio de 2025 mostram que a concessão do rotativo do cartão de crédito caiu quase 3 bilhões em abril, enquanto o Crédito do Trabalhador alcançou 3,3 bilhões no mesmo período. A redução no rotativo sinaliza uma possível mudança de hábito dos consumidores em busca de opções com juros menores. Já o aumento do Crédito do Trabalhador, modalidade de crédito consignado com taxa média de 3,28% ao mês em maio, reforça o interesse por linhas mais acessíveis. Essa movimentação ocorre em um cenário de alto endividamento, em que o rotativo do cartão de crédito exige taxa de 15,1% ao mês.
Movimentação dos volumes de crédito
A concessão do rotativo do cartão de crédito recuou quase R$ 3 bilhões em abril, refletindo a queda na demanda por essa modalidade, tradicionalmente uma das mais onerosas do mercado. Com juros que chegaram a 15,1% ao mês, o rotativo pressiona negativamente o orçamento das famílias. Essa retração sugere que parte dos consumidores está optando por linhas de crédito mais baratas.
No mesmo mês, o Crédito do Trabalhador registrou aumento de R$ 3,3 bilhões, totalizando esse montante em novas contratações. Essa modalidade, que teve taxa média de 3,28% ao mês em maio, visa oferecer condições menos arriscadas e taxas mais baixas para trabalhadores formais. O programa permite a renegociação de dívidas mais caras, beneficiando diretamente os tomadores com encargos mais acessíveis.
Desde o lançamento em 21 de março de 2025, o Crédito do Trabalhador registrou um aumento de 2,5 vezes no valor mensal médio de contratações em comparação aos 12 meses anteriores, quando girava em torno de 1,6 bilhão. Nos primeiros meses, foram realizadas operações que totalizaram cerca de 5,6 bilhões. Esse desempenho inicial reforça o potencial do programa em ampliar o acesso ao crédito.
Disparidades e evolução das taxas de juros
A análise comparativa das taxas de juros de abril de 2025 mostra diferença expressiva entre as modalidades. O rotativo do cartão de crédito registrou 15,1% ao mês, enquanto o cheque especial apresentou 7,4% e o crédito pessoal sem consignação ficou em 6,2%. Nesse cenário, o Crédito do Trabalhador se destacou por oferecer 3,9% ao mês para contratos consignados privados, segundo dados do BC.
Desde a criação do programa, as taxas de juros do Crédito do Trabalhador vêm caindo de forma consistente. Ao ser lançado, em março, estava em 4,35% ao mês; em 29 de maio, já havia recuado para 3,43%. Essa trajetória de queda resulta de monitoramento regular e da busca por taxas mais justas, em linha com o compromisso do Ministério do Trabalho e Emprego de baratear o crédito consignado.
Além da redução gradual, o uso do FGTS como garantia e a possibilidade de portabilidade para outras instituições financeiras são mecanismos que podem levar as taxas a patamares ainda menores. A estratégia deve estimular a concorrência entre bancos e ampliar as opções para os trabalhadores.
Inclusão financeira e perspectivas de crescimento
O Crédito do Trabalhador desempenha papel importante na inclusão financeira ao destinar 47,1% dos recursos a quem ganha até quatro salários mínimos. Isso amplia significativamente o alcance desse instrumento, que beneficia uma base potencial de 47 milhões de tomadores. Antes, 68% do consignado tradicional era direcionado a trabalhadores com renda superior a oito mínimos.
Em apenas um mês de funcionamento, o programa concedeu 9 bilhões e, atualmente, já ultrapassa 13 bilhões em operações, atendendo mais de 2,3 milhões de trabalhadores. Esses números refletem a rápida adesão e demonstram o impacto imediato na vida dos beneficiários. A expansão contribui para o fortalecimento do consumo e para a redução das dívidas de alto custo.
O programa ainda está em fase de implantação, com iniciativas de compartilhamento de informações e estímulo à concorrência em curso. Essas ações visam aprimorar a eficiência do crédito consignado e promover oferta cada vez mais competitiva, democratizando o acesso de forma sustentável.
Conclusão
A retração de quase R$ 3 bilhões no rotativo do cartão de crédito, associada ao avanço de 3,3 bilhões no Crédito do Trabalhador em abril de 2025, indica mudança no comportamento do consumidor em busca de crédito mais barato. As taxas menores do consignado tiveram papel central nessa migração, aliviando o endividamento.
A combinação entre queda no uso de modalidades caras e crescimento de linhas mais acessíveis reforça a importância de iniciativas que promovam inclusão financeira. O Crédito do Trabalhador se consolida como alternativa viável para renegociação de dívidas e expansão do crédito entre trabalhadores de baixa renda.
Espera-se que o programa continue a evoluir, com redução adicional das taxas de juros e maior concorrência entre instituições. A incorporação do FGTS como garantia e a portabilidade devem ampliar ainda mais o alcance e a competitividade do crédito consignado, beneficiando um número crescente de tomadores.