STJ limita a 5 anos o uso de créditos tributários reconhecidos judicialmente
Nova jurisprudência do STJ sobre o prazo para utilização de créditos tributários
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) modificou sua jurisprudência, estabelecendo que os contribuintes têm um prazo de 5 anos, a partir do trânsito em julgado da sentença, para utilizar integralmente os créditos tributários reconhecidos judicialmente. Essa mudança afeta a compensação tributária, que antes era válida até o esgotamento dos créditos.
Itens Importantes:
- O prazo de 5 anos começa a contar a partir do trânsito em julgado da sentença.
- Contribuintes perdem o direito de compensação do saldo remanescente após o prazo.
- A única exceção é a suspensão do prazo entre o protocolo do pedido de habilitação e sua análise pela Receita Federal.
Dados Relevantes:
- A decisão foi fixada durante um julgamento envolvendo a Usina Termelétrica Termomacaé, subsidiária da Petrobras.
- A empresa conseguiu compensar apenas R$ 1,8 milhão de um crédito total de R$ 216 milhões devido ao limite de tempo.
Fundamentos legais da decisão do STJ
O ministro Francisco Falcão fundamentou seu voto no artigo 168 do Código Tributário Nacional (CTN) e no artigo 1º do Decreto nº 20.910/1932, argumentando que permitir a compensação por tempo indeterminado criaria imprevisibilidade fiscal.
Itens Importantes:
- O artigo 168 do CTN estabelece o prazo de 5 anos para pleitear restituição de tributos.
- O Decreto nº 20.910/1932 trata da prescrição de ações contra a Fazenda Pública.
- O STJ busca garantir segurança jurídica e previsibilidade fiscal.
Dados Relevantes:
- O ministro Falcão citou precedentes da 1ª Turma do STJ (REsp 1729860 e REsp 2164744) que já adotavam a mesma linha de interpretação.
- A decisão visa evitar que o contribuinte postergue indefinidamente o uso dos créditos.
Reações de especialistas à nova jurisprudência
Tributaristas alertam que a nova jurisprudência exige ajustes na governança de créditos judiciais, com necessidade de avaliação detalhada da capacidade de compensação em cinco anos e possíveis estratégias mistas, como conversão em precatórios.
Itens Importantes:
- Empresas terão que adotar estratégias mistas: compensação e conversão em precatórios.
- Críticas ao fundamento adotado pelo STJ, argumentando que não há base jurídica diretamente aplicável.
- A decisão impõe uma revisão das estratégias de utilização de créditos tributários.
Dados Relevantes:
- Recomendação de avaliação detalhada da capacidade de compensação em cinco anos.
- Muitas empresas ainda enfrentam dificuldades para compensar integralmente os valores devido à limitação do passivo tributário mensal.
Contraste com a jurisprudência anterior
A decisão representa uma mudança em relação à jurisprudência anterior do STJ, que permitia o uso integral dos créditos judiciais sem prazo final, desde que o pedido inicial de habilitação fosse tempestivo.
Itens Importantes:
- Jurisprudência anterior permitia o uso até o esgotamento, como nos Recursos Especiais 1480602 e 1739879.
- A nova regra limita os efeitos das decisões judiciais que reconhecem o direito ao crédito.
- A restrição do uso dos valores em cinco anos reconfigura a decisão original.
Dados Relevantes:
- Até então, era admitido o uso desses valores até seu total esgotamento, desde que o pedido de habilitação junto à Receita Federal fosse feito dentro de cinco anos.
- A nova regra limita, na prática, os efeitos das decisões judiciais que reconhecem o direito ao crédito.
Medidas legislativas recentes que ampliam o controle da compensação tributária
A alteração de jurisprudência acompanha medidas legislativas que visam controlar o uso de créditos tributários, como a Lei nº 14.873/2024, que limitou a compensação mensal de créditos superiores a R$ 10 milhões.
Itens Importantes:
- Lei nº 14.873/2024 limitou a compensação mensal de créditos superiores a R$ 10 milhões.
- A lei regulamentou a forma de utilização dos valores decorrentes da “tese do século”.
- Há receio de que a Receita Federal altere seu posicionamento devido à nova jurisprudência.
Dados Relevantes:
- Recomendação de ações declaratórias de repetição de indébito para recebimento por precatório.
- Empresas interessadas em usar créditos por mais tempo devem considerar alternativas ao mandado de segurança.
Alternativas ao recebimento via precatório
A compensação de crédito tributário é uma alternativa ao recebimento de valores via precatório, processo considerado mais lento. Contribuintes devem planejar de forma eficiente a utilização de seus créditos judiciais para evitar a perda do direito.
Itens Importantes:
- Precatório é um processo considerado mais lento.
- Após sentença judicial favorável, o contribuinte deve solicitar a habilitação dos créditos perante a Receita Federal.
- O risco de perda do direito impõe novas exigências de governança tributária e financeira.
Dados Relevantes:
- A Receita Federal avalia se os valores são devidos e libera sua utilização.
- A recente decisão do STJ exige planejamento eficiente da utilização dos créditos.
Recomendações para o setor contábil e fiscal
Contadores, tributaristas e departamentos fiscais devem revisar as estratégias de compensação tributária, antecipar a análise da capacidade mensal de compensação, avaliar a viabilidade de conversão de créditos em precatórios e acompanhar os desdobramentos da jurisprudência.
Itens Importantes:
- Revisar as estratégias de compensação tributária.
- Analisar a capacidade mensal de compensação.
- Avaliar a viabilidade de conversão de créditos em precatórios.
Dados Relevantes:
- É essencial acompanhar os desdobramentos da mudança jurisprudencial.
- O alinhamento entre a estratégia jurídica e o planejamento tributário se torna mais relevante.
Conclusão
O STJ limitou o prazo para uso de créditos tributários reconhecidos judicialmente a 5 anos, impactando a governança tributária das empresas. Especialistas recomendam revisar as estratégias de compensação e considerar alternativas como precatórios. A nova jurisprudência está alinhada com medidas legislativas recentes que visam controlar o uso de créditos tributários, exigindo um planejamento mais eficiente por parte dos contribuintes. Espera-se que a Receita Federal ajuste seu posicionamento em relação à compensação de créditos, e que as empresas busquem alternativas para maximizar o uso de seus créditos dentro do novo prazo estabelecido.